Apesar de ser muito falado e discutido em muitas escolas, nos parece que a discussão está cada vez mais esvaziada. Como um grande clichê, a expressão "Pensamento Crítico" aparece inúmeras vezes nos mais diversos campos da educação sem um norte para o trabalho em sala de aula.
Para nós, partimos do princípio da tomada de consciência na qual a nossa própria presença, nos diferentes espaços sociais, é uma intervenção (HOOKS, 2020) que desafia, altera, contribui, aceita, constrói, regenera e contrapõe as diferentes formas de nos relacionarmos e vivermos em sociedade.
Para o nosso contexto de transformadores educacionais, o Pensamento Crítico acontece por meio de intervenções de uma critiqué (crítica social de como a sociedade está posta), nos mais diversos campos sociais - sejam eles racistas, misóginos, homofóbicos, transfóbicos, entre outros.
Para tanto, nos pautamos nos pressupostos de Liberali (2015 p. 57-58) para desenvolvermos nossas concepções pedagógicas nas quais, para a sala de aula, o Pensamento Crítico é: atividade produtiva e positiva, na qual somos coautores e recriadores dos fatores pessoais, profissionais e políticos de sua própria vida; um processo e não um resultado; manifestação circunscrita a contextos específicos; emersão através de eventos positivos e negativos que induz aos questionamentos sobre pressuposições desenvolvidas ao longo da vida; e inserção na emoção e na razão (perejivanie).
Não nos parece tarefa fácil, mas nos constitui para pensarmos o amanhã em um constante processo de “emersão do hoje, molhados do tempo que vivemos tocados por seus desafios, instigados por seus problemas” (FREIRE, 2000, p. 117). Nesse sentido, Pensamento Crítico, em nosso espaço escolar, é propiciar espaços de conscientização social, de transformação humana e de contraposição às mazelas decorrentes do mundo contemporâneo.
Referências
Freire, P. (2000). Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP.
Hooks, B. Ensinando pensamento crítico: sabedoria prática. Tradução: Bhuvi Libanio. São Paulo: Elefante, 2020.
Liberali, F. Formação crítica de educadores: questões fundamentais. Coleção: Novas Perspectivas em Linguística Aplicada. Vol. 8 Campinas, São Paulo: Pontes Editores, 3ª edição, 2015.
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